domingo, 12 de janeiro de 2020

MEDO DE MIM



Conativo, obscuro,
transcendente do calejar,
anjo sem rei, caos do fraco,
verdadeira luz sombria.
Um passo, uma queda, um suspiro
amaldiçoado na esquina do cemitério.
Uma cova rasa dos desejos malignos
a lua chora agonizando outrora.
Fenda do pudor, devaneio das razões.
Felino das indagações, provérbios da alma,
partes das partes, misteriosamente calor,
frio, sem turno, somente destinado.
a luz que brilha no céu mórbido
Aguardando os pedidos de clemência
a escuridão, silêncio e os passos da morte
Um vulto que se aproxima e o sopro
Roendo a espinha, rasgando as veias
e marcando lugar do sepulcro
Ondas de vapor me puxando para trás
Estremecido e paralisante,
a fuga e o fim.

Emiliano Véras e Levi Lopes

ANTROPOFAGIA



A ultrafatalidade suplica por uma labuta

que em vão implora para ser resistida. 
Onde as amasias das carnificinas 
faz-se presente em meio a ânsia
e a carne podre a qual dispensa os vermes
que andam a espreitar 
os dentes brancos que o seduz. 
A antropofagia das madrugadas 
veladas ao desespero 
em orações ao deus Pã. 
Despedaçando virgem por virgem, 
em um coito volátil 
onde revirava-se por meio das veias, 
bexigas e pulmões. 
Sentir o gosto de sangue, 
embriagar-me de loucura 
enquanto as moscas brigam 
por um lugar no que me resta 
da sombra dos gemidos atônitos 
e escorregadios de dor 
e prazer.  

Emiliano Pinheiro Véras e João Vitor Marques


ROSAS CÁLIDAS



Dizer-se-ia que as feridas da alma 
se encontram no coração. 
E eu, poeta, sangro por todas as artérias. 
Lúcido é aquele que talvez viva 
e desfrute dos desejos e anseios 
e não ceda as paixões do samba e da vida. 
Não ser santo, pouco perdido, 
em outrora usurpado do labor 
das noites ao luar amar, 
nasceu um fruto destemido  
e não flores brancas que ainda sangram 
de dor até secar a última lágrima.
que ainda arde de tesão, escapismo da paixão.
Paixão esta que me corroeu parte a parte, 
em remorso sempiterno. 
Os corpos enlaçados em orgias 
de pecados envoltos em sangue. 
Vos digo, desejo cair convosco 
em ternos lençóis.
Talvez em chamas, 
música cantarolada nos corações 
desarmados e nobres, 
o pecado, sacrilégio 
sufocado em outras vidas 
enaltecido com o cheiro e a cor 
e que agora eu morra, 
aqui em teus braços, amor.

Emiliano Véras e João Vitor

SOPRO NA ALMA

DA CARNE SANGUINÁRIA SURGE O ODOR DO HORROR OS TEUS FRIOS CABELOS PUXAM-OS SEM PUDOR E NA MORBIDEZ DA TERRA SE MANISFESTAM OS VERMES ACLAMAN...