segunda-feira, 26 de março de 2012

QUINZE MINUTOS

     
     Naquele dia resolvi sair de casa, caminhar contra o vento. Estava cansado de andar sempre em linha reta, de me esquivar do anormal e me dar satisfação de tudo que fazia. Queria mesmo, era me sentir livre, sem compromissos, sem responsabilidades e me salvar da pressão sentida no peito, que poderia até me dar segurança no dia-a-dia, mas não me trazia o sabor da felicidade.

     Eu sabia que tinha muitas coisas para se viver, muitas ruas para se caminhar, lugares para se conhecer, gente para se amar, e eu ficava preso ao trabalho, às coisas materiais que no final não me acrescentariam nada, nem luxo, nem vida boa e muito menos satisfação pessoal.


    Queria encontrar, não sabia o quê. Talvez a magia que faltava nas coisas que eu fazia. Na simplicidade, na harmonia  que todos os dias estava ali, presente e eu não conseguia senti-la. No deslumbre de um por-do-sol ou na simples satisfação, inspiração, solidão. 


  Desliguei-me de tudo e logo voltei para casa, feliz por ter conseguido saciar quinze minutos daquele dia para meditar.




Emiliano Pinheiro Véras



NAQUELE TREM


De não ser um fruto da obsessão,
Nem o desejo cego e desenfreado.
Não me deixam cicatrizes no coração,
Nem insulto o seu mundo vil abalado.

Das coisas boas que sinto agora vivo
São das nascentes que andei ontem.
Normalmente acontece a quem sirvo,
Dos amores guardados naquele trem.

Quem sabe um dia te reencontrarei
Sentada num vagão da esperança.
Dos sonhos que lá realmente deixei 
E nunca se perderam na lembrança.

Nos trilhos viajaremos sem destino.
Sem rumo e sem fim, em outro lugar.
Mesmo que acordemos em desatino,
Nesse vai-e-vem que nos leve a amar.



Emiliano Pinheiro Véras

SOPRO NA ALMA

DA CARNE SANGUINÁRIA SURGE O ODOR DO HORROR OS TEUS FRIOS CABELOS PUXAM-OS SEM PUDOR E NA MORBIDEZ DA TERRA SE MANISFESTAM OS VERMES ACLAMAN...