segunda-feira, 23 de julho de 2012

SIMPLICIDADE


Um dia eu quis ser um pássaro,
voar bem alto e escolher um lugar
mais tranquilo para eu ficar.
Quebraram minhas asas!

Outro dia quis ser um peixe,
mergulhar em águas profundas 
e conhecer coisas incríveis até cansar.
Quase morro afogado!

Depois pensei ser uma estátua,
ficar ali parado, observando
por toda eternidade.
Cansei-me e fui quebrado!

Cansado, achei melhor ficar invisível,
fazer coisas proibidas e 
ninguém jamais saber que foi eu.
De repente senti saudades de mim,
pois ninguém ia me ver.

Hoje estou aqui, sendo eu mesmo,
sem asas, poder e desejos impossíveis,
mas querendo ser alguém,
só mais um andante comum,
procurando viver com defeitos 
e qualidades cabíveis ao meu tempo.

Emiliano Pinheiro Véras

domingo, 22 de julho de 2012

AFOGAMENTO



O sal, o céu, o véu
Um mar de lembranças cruel.
Meninos afoitos de destinos
entrelaçados, quase inacabados,
quando por força da sorte
foram livrados da morte.
Três irmãos, todos se afogando.
O mais novo no mais raso,
o do meio, vendo o mais velho
se afastando e ele também muito golfando.
Nada para segurar quando uma mão
o puxou e depois os irmãos se agarraram.
Desespero de quem os salvou.
Seus pais nem chegaram a ver
só depois foram conhecer
quem seus três filhos 
numa manhã de muitos brilhos
fez da irresponsabilidade deles renascer,
crianças na multidão perdidas na distância
despreocupada da pobre infância
não acompanha seus filhos crescer.
Quem ama cuida, não descuida.


Emiliano Pinheiro Véras

terça-feira, 17 de julho de 2012

CONVENIÊNCIA


Existem muitas coisas por conveniência que aos olhos dos espectadores formam um belo conjunto de contraditórios conflitos do coração.
O religioso profano que visando o melhor para dissipar seus próprios dogmas, investe em uma linha tênue de capítulos já estabelecidos por outra corrente mais forte e conhecida dos fiéis; O político Maquiavel e preponderante subestimando os pobres de ideologias, alia-se por interesse aos mais poderosos estimando a sua segurança; O assalariado que pouco tem de onde tirar, acostumado a ser mandado, explorado e massacrado, buscando alguma vantagem é por tão pouco comprado; O jovem cercado de expectativas, sonhos de uma vida melhor e preguiça de lutar, estudar...por conveniência adere a caminhos mais fáceis e rápidos(prostituição, drogas e roubos); A mulher desiludida do amor, da carne que suga o espírito e condensa a alma se uni a outro sem retribuição, provocando o mal que está refletido em suas atitudes diárias e que nunca lhe trará a felicidade.
A conveniência tem como significado o interesse, o proveito, a vantagem e mais do que a morte a falta de amor próprio.  

Emiliano Pinheiro Véras

sábado, 14 de julho de 2012

MADRUGADA EM CASA




Já era madrugada, quando os ruídos
do inconsciente estremeceram
a realidade perturbada.
Eu, sonolento!


Parecia estar em movimento;
os passos, o arrastar de coisas
até tropeçar e cair.
Eu, sonolento!


No início um susto, depois a tensão
para controlar-se e situar-se
na obscura ocasião.
Eu, sonolento!


A respiração mais lenta
com a coragem que surgira
não sei de onde.
Eu, sonolento!


Quando mais perto ficava
a hora do encontro, mais
o encanto se desfazia.
Eu, sonolento!


A esperança, a surpresa,
o querer fazer com que
o amanhã surgisse feliz.
Eu, sonolento!


Sem distanciamento, solidão.
Uma saudade incompensável
que só a presença sacia.
Eu, sonolento!


Abri a porta meio cego
de certeza, meio estasiado
de decepção e não era nada.
Eu, voltei a dormir!


Emiliano Pinheiro Véras


SOPRO NA ALMA

DA CARNE SANGUINÁRIA SURGE O ODOR DO HORROR OS TEUS FRIOS CABELOS PUXAM-OS SEM PUDOR E NA MORBIDEZ DA TERRA SE MANISFESTAM OS VERMES ACLAMAN...