terça-feira, 19 de outubro de 2010

MUNDANO



Eu fonte dos afins
Vivo meu destino assim.
Como metal frio alcalino
Não me entrego a assassino.
Sou poço fechado, sem fundo.
Gosto de pirar nesse mundo.
O cuspe já secou ao seu lado
Calado mundano ficou pelado.
Saboreio distintos vapores
Menos o de carnes podres.
Não venha com essa chaga
De verme sujo jogar praga.
Dizer-me que caminho seguir
Me castra ou me quer punir?
No seu rastro cabra não come
Para tu ser macho, vire homem!
Saia da minha frente dependente
Se não debocho de ti gerente.
A pior solidão é a do cão
No inferno não há unção.
Nem te digo,
só sigo e tal.
Te mete e leva pau!

Emiliano P. Véras

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

TUBARÃO



"No mergulho interno
Se descobre o bicho.
N'alma o inferno astral
Riscado da lista.
O que é isto?
Estereótipo colocado
Designado, debochado!
Gente pior disfarçada
de casal prepotente.
Sabe-se lá quem é valente!
Gente como a gente
Que vive na escuridão
Sente prazer e come como cão.
Saboreia a língua morna
A viver feliz e contente.
Morra, morra....
A discriminação!
Sei lá de quem são.
São tantos!
Que até nos cantos
Se rebelam os escondidos
Desvanecidos dos apelidos.
De qualquer um a semente
Que come
Que sente
E é feliz
Sem ser meretriz
Sem vergonha
Sem cicatriz."


Emiliano P. Véras

sábado, 9 de outubro de 2010

MEDO DA CHUVA




"Quando a chuva passa
Levando das ruas 
A sujeira que fica.
Lembra o tempo
Arquétipo esquecido
De um grande amor!
Das lágrimas petrificadas,
Das noites em claro,
E um coração rígido
Insensível à dor.
Momentos de impotência,
Superada e abafada,
Dominada por um ego
Que diz jamais sentir
Outra vez tal esplendor.
Porque na dúvida:
O medo homofóbico saciado?
A solidão vencida, desgastada!
Ou simplesmente volúpia?
Ou não sei mais do querer.
Deve ser o momento, a chuva,
Os respingos, a garoa!
Os relâmpagos que não cessaram
E a trovoada que vem depois."


Emiliano P. Véras


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

APENAS UM DIA



Hoje foi um dia
Calmo, simples, comum.
Sem mistérios, sem aventuras,
nem frescuras!
Dia de parar, pensar e refletir
Lembrar que tem dias
Desastrosos, brutais, ruins.
Sem esperança, sem serenidade,
nem piedade!
Dia de chorar, deixar e calar
Amanhã quem sabe outro dia
Alegre, vibrante, brilhante.
Sem medos, sem vertigens,
nem inseguranças!
Dia de brincar, cantar e beijar.
E mesmo que o amanhã
Não seja aquele dia
E eu esteja em alto mar
E o barco pegar fogo......E daí?
Estou pronto para nadar.


Emiliano P. Véras

SOPRO NA ALMA

DA CARNE SANGUINÁRIA SURGE O ODOR DO HORROR OS TEUS FRIOS CABELOS PUXAM-OS SEM PUDOR E NA MORBIDEZ DA TERRA SE MANISFESTAM OS VERMES ACLAMAN...