terça-feira, 27 de março de 2012

FOGO DA PAIXÃO

    
     Quando você me olha meio desconfiada, sorri e disfarça. Fico totalmente sem graça. Queria chegar mais perto de ti, sentir seu cheiro, tocar seu corpo. Fico em ebulição, parece que vou explodir. Meu coração em chamas bate tão rápido que me descontrolo pensando que todos vão ouvir.

     Quando você se afasta de mim, só o que consigo é te seguir no olhar, como no embarcar de muitos sonhos, que hipnotiza e desliga, ao mesmo tempo destrói, que só a simples sensação de saudade, já machuca e não sei mais como fazer para controlar toda essa paixão, que às vezes na impossibilidade de idealização vem a utopia de se crer em um grande amor. Mata-me de vontade!


Emiliano Pinheiro Véras

segunda-feira, 26 de março de 2012

QUINZE MINUTOS

     
     Naquele dia resolvi sair de casa, caminhar contra o vento. Estava cansado de andar sempre em linha reta, de me esquivar do anormal e me dar satisfação de tudo que fazia. Queria mesmo, era me sentir livre, sem compromissos, sem responsabilidades e me salvar da pressão sentida no peito, que poderia até me dar segurança no dia-a-dia, mas não me trazia o sabor da felicidade.

     Eu sabia que tinha muitas coisas para se viver, muitas ruas para se caminhar, lugares para se conhecer, gente para se amar, e eu ficava preso ao trabalho, às coisas materiais que no final não me acrescentariam nada, nem luxo, nem vida boa e muito menos satisfação pessoal.


    Queria encontrar, não sabia o quê. Talvez a magia que faltava nas coisas que eu fazia. Na simplicidade, na harmonia  que todos os dias estava ali, presente e eu não conseguia senti-la. No deslumbre de um por-do-sol ou na simples satisfação, inspiração, solidão. 


  Desliguei-me de tudo e logo voltei para casa, feliz por ter conseguido saciar quinze minutos daquele dia para meditar.




Emiliano Pinheiro Véras



NAQUELE TREM


De não ser um fruto da obsessão,
Nem o desejo cego e desenfreado.
Não me deixam cicatrizes no coração,
Nem insulto o seu mundo vil abalado.

Das coisas boas que sinto agora vivo
São das nascentes que andei ontem.
Normalmente acontece a quem sirvo,
Dos amores guardados naquele trem.

Quem sabe um dia te reencontrarei
Sentada num vagão da esperança.
Dos sonhos que lá realmente deixei 
E nunca se perderam na lembrança.

Nos trilhos viajaremos sem destino.
Sem rumo e sem fim, em outro lugar.
Mesmo que acordemos em desatino,
Nesse vai-e-vem que nos leve a amar.



Emiliano Pinheiro Véras

SOPRO NA ALMA

DA CARNE SANGUINÁRIA SURGE O ODOR DO HORROR OS TEUS FRIOS CABELOS PUXAM-OS SEM PUDOR E NA MORBIDEZ DA TERRA SE MANISFESTAM OS VERMES ACLAMAN...