quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

PÚTRIDO AMOR




Enquanto meu vinho tem sabor,
enquanto carne viva estou.
Quantos sentimentos de dor 
pouco sobrou?
Minha gloriosa chama 
reacenderá novamente,
como fênix, das cinzas ressurgirei,
imortal serei, no teu peito, 
lume de ódio deixarei.
Deus da cintilante alma, 
liberta, sambará em tua cova.
Enquanto isso, em mar morto
passearei livremente nos acordes
das discórdias, traições encantadas
de pedinte insano. Súplicas!
Já no sepulcro, moscas a incomodar,
sentindo teu perfume a despedaçar
e sumir em nome dos vermes,
acostumados com sua doçura
de tal dor de amar e matar.

Emiliano Véras e Levi Lopes

ATORMENTADO



Mesmo antes do nascimento dos anjos
Na epigenesia da infância traída 
já expurgavam minha vida
Perseguida, sozinho sem causa.

Fantasiosas mestiças do passado, 
constantes da malévola força,
Desprendendo caos aos campos.
Flora de espinhos, trevas no ar, 
espanto do mar, pedinte do clamar.

Uma aurora cheia de vida. 
Fortaleza às vezes abatida
Diante das trevas, olhares 
odiosos, sombras do passado.
Buscas no caminho?

Ruidosamente sou a própria fuga
A repugnância dos maus destinos,
Verbos do vencer, espantosos. 
Vida em degustação do eu,
Sobreviver para a minha glória.

Emiliano Véras e Levi Lopes

DESCANSO ETERNO



Aos olhos meus, reflexo do céu, 
vejo a alma subir, Corpo cair, 
vermes surgir, uma luz sem fim.
Norte sem espanto, apenas 
o verdadeiro descanso.
Um gosto de sangue na boca,
Olhos arregalados e a alma fedida.
Momentos sombrios da mente.
Paz para tão misterioso fim.
Trevas e jasmim, sois sim!
Agora sois a sombra dos vagantes
Sem destino sou eu, vivido no voar
manchas de pudor, atitudes a devagar.
Monstro de sorriso fiel, morrer de amar.

Emiliano Véras e Levi Lopes

SOPRO NA ALMA

DA CARNE SANGUINÁRIA SURGE O ODOR DO HORROR OS TEUS FRIOS CABELOS PUXAM-OS SEM PUDOR E NA MORBIDEZ DA TERRA SE MANISFESTAM OS VERMES ACLAMAN...