sábado, 5 de outubro de 2019

DESINTERESSE



Ah, quando lembro das brumas 
E das plumas ensanguentadas de desejos
Vejo o crepúsculo vívido 
E assombrado pelo desânimo
Do passado colorido de mentiras.
Quantas lágrimas forjadas 
No calor dos momentos felizes?
Quantas noites de sono mal dormidos,
Onde o vinho e o cigarro 
Eram os únicos companheiros
Deslumbrando do meu prazer?
Ah, E os vermes?
Aqueles de tantas poesias, 
Roeram tudo dentro de mim, 
Sugando todo sentimento por ti no coração, 
Até a última chama que clamava 
Pela sua existência abafada e escondida, 
Que meu ego definhava dizendo adeus.

Emiliano Véras

SONETO: MORTE À POESIA



Foi naquela hora que senti, tal surpresa.
Não imaginava um filho morrendo assim!
Você parou falaciando com tanta destreza 
Eu plácido olhando, vendo que era o fim.

Tantos sorrisos de tão boa amizade
Rimas coloridas, festas acaloradas
E o pôr do sol? Dupla afinidade!
E a dança das palavras embriagadas?

Ai ai, e o livro? Só mais uma história,
Daquelas que o mocinho é injustiçado
Pela grandiosidade de sua fina glória.

Talvez o monstro que o seca ardente
Nem seja tão maligno como o julgam
E sim, paz de espírito e amor latente.

Emiliano Véras

SOPRO NA ALMA

DA CARNE SANGUINÁRIA SURGE O ODOR DO HORROR OS TEUS FRIOS CABELOS PUXAM-OS SEM PUDOR E NA MORBIDEZ DA TERRA SE MANISFESTAM OS VERMES ACLAMAN...