quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

VIDA BOA



Não quero que as coisas aconteçam simplesmente
Monótonas ou sem motivos nobres.
Onde a labuta mais sólida é aquela que alimenta
A alma e dignifica o espírito.
Não quero que o mais comum dos meus erros
Seja visto com imperfeição
Nem respeitado com admiração.
Não quero ver de perto o mundo se acabar,
As coisas mais belas sem poder tocar, admirar
E dizer o quanto é perfeito a natureza de Deus.
Não quero lembrar o dia que se passou
Sem a graça da emoção, seja ela boa ou ruim.
Não quero guerras, preconceitos, nem discriminação
Que violam os direitos e machucam o coração.
Não quero dormir triste por não ter vivido
E acordar calado por não ter amado.
Quero a aventura mais louca,
O perfume mais sedutor.
Quero as palavras mais quentes
Que ardem na boca ávida.
Quero paz, serenidade e amor
Que na brisa me lembre o mar.
Quero a chuva fina
Molhando meu rosto,
Desnudando meu corpo e
Delirando de prazer
Quero acordar em
Qualquer outro lugar.


Emiliano P. Véras

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

DOCÊNCIA SEM DECÊNCIA




São tantos exigentes sonhos
Que realmente nos comovem,
Que poucas linhas do destino
Alimentam as discordâncias.

Vivemos caos e perseguimos
A inocência do aprendizado.
Entre o equívoco, o calculado
E o consolo do mal-educado.

Onde as palavras, os números
São óbvios esmeros caminhos
De resto insatisfação e solidão
Sedutora, submissa e canibal.

Um país ignorante, imaculado
Sofrendo com ambição o mal
Descarta valores aniquilados
Da dignidade, solidariedade!  

Ser professor grande aventura
Liberdade imposta arte ensinar.
Uma paixão cega e não ter cura
Bela defesa praticada por amar.


Emiliano P. Véras

terça-feira, 16 de novembro de 2010

CAMOCIM




Para ser feliz não fique só no infinito
Persiga o peixe sabor maçã no mel.
Aqui tem lago seco: simples e bonito
Descrevendo assim não cabe no céu.

                       São muitos que vem de terra distante
                       Acham pessoas boas e pessoas afins
                       Aqui litoral denso de comida picante
                       Terra gentil, pátria amada dos confins.

Do pôr do sol a beleza mais brilhante
Deixa a vida solevante profunda levar
Eternamente doce sabor deslumbrante
Pescado na boca a vida boba acabar.

                       Sei que muito quem tem, bem vive aqui
                       Numa praia paradisíaca, fogosa e voraz
                       No farol a curtição delirante tem quaqui
                       No olhar distinto sacana de bom rapaz.

No crepúsculo, magia límpida que me diz
Gente a sorri sem dente de bondade à toa
Algo perigoso que não preciso nos quadris
É estar fisgado a qualquer olhar da patroa.

                       Sobreviventes das barreiras do ano atrós
                       Politicagem de sonhos doentios sem cura
                       De repente atiram pedras no voo albatrós
                       É da mulher que mexe rebolando fria e nua.

E assim tem mais vida mais perto do sol
E mais longe de fulano que nós o corisco.
Sem asas voando baixo beijando o girassol
Pois quem beija a flor padece no paraíso.

Emiliano P. Véras

A PAQUERA DO CIGARRO



Quando lhe vi a primeira vez caminhando na pista..
Sonhei em lhe ter como mais uma vítima.
Gosto de viciar corações,
deixando-os aos poucos, acabados!
Percorro seu corpo, suas veias e
descanso em seus pulmões.
A cada sugada que você me dá,
divirto-me com o seu desespero.
Estou apaixonado!
Tenho que lhe possuir
ou até mesmo lhe matar.
Não se preocupe.
Vai ser bem devagar!
Não posso lhe emagrecer
e acabar com sua fome
em apenas uma semana.
Tenho que ter paciência.
E assim que você estiver viciado em mim,
ficaremos nós dois na beira da praia.
Você com aquele bafo horrível e
eu sorrindo de sua cara.
Por ter sido mais um panaca
que se deixou apaixonar."



Emiliano P. Véras

terça-feira, 19 de outubro de 2010

MUNDANO



Eu fonte dos afins
Vivo meu destino assim.
Como metal frio alcalino
Não me entrego a assassino.
Sou poço fechado, sem fundo.
Gosto de pirar nesse mundo.
O cuspe já secou ao seu lado
Calado mundano ficou pelado.
Saboreio distintos vapores
Menos o de carnes podres.
Não venha com essa chaga
De verme sujo jogar praga.
Dizer-me que caminho seguir
Me castra ou me quer punir?
No seu rastro cabra não come
Para tu ser macho, vire homem!
Saia da minha frente dependente
Se não debocho de ti gerente.
A pior solidão é a do cão
No inferno não há unção.
Nem te digo,
só sigo e tal.
Te mete e leva pau!

Emiliano P. Véras

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

TUBARÃO



"No mergulho interno
Se descobre o bicho.
N'alma o inferno astral
Riscado da lista.
O que é isto?
Estereótipo colocado
Designado, debochado!
Gente pior disfarçada
de casal prepotente.
Sabe-se lá quem é valente!
Gente como a gente
Que vive na escuridão
Sente prazer e come como cão.
Saboreia a língua morna
A viver feliz e contente.
Morra, morra....
A discriminação!
Sei lá de quem são.
São tantos!
Que até nos cantos
Se rebelam os escondidos
Desvanecidos dos apelidos.
De qualquer um a semente
Que come
Que sente
E é feliz
Sem ser meretriz
Sem vergonha
Sem cicatriz."


Emiliano P. Véras

sábado, 9 de outubro de 2010

MEDO DA CHUVA




"Quando a chuva passa
Levando das ruas 
A sujeira que fica.
Lembra o tempo
Arquétipo esquecido
De um grande amor!
Das lágrimas petrificadas,
Das noites em claro,
E um coração rígido
Insensível à dor.
Momentos de impotência,
Superada e abafada,
Dominada por um ego
Que diz jamais sentir
Outra vez tal esplendor.
Porque na dúvida:
O medo homofóbico saciado?
A solidão vencida, desgastada!
Ou simplesmente volúpia?
Ou não sei mais do querer.
Deve ser o momento, a chuva,
Os respingos, a garoa!
Os relâmpagos que não cessaram
E a trovoada que vem depois."


Emiliano P. Véras


SOPRO NA ALMA

DA CARNE SANGUINÁRIA SURGE O ODOR DO HORROR OS TEUS FRIOS CABELOS PUXAM-OS SEM PUDOR E NA MORBIDEZ DA TERRA SE MANISFESTAM OS VERMES ACLAMAN...